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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

OS PERFUMES E A MODA



Usar  roupas de griffes famosas é o sonho de muita gente, principalmente dos amantes da moda. Mas, o que fazer quando isso está fora da nossa realidade? A solução pode estar nos Perfumes… Estudiosos afirmam que comprar um perfume de griffe pode ser uma saída para quem não pode comprar a roupa do seu estilista favorito e acredite – a sensação de estar usando a roupa é quase a mesma! A utilização de aromas e bálsamos foi uma prática comum nas mais antigas civilizações. As primeiras referências históricas importantes provêm do Oriente Médio, especialmente do Antigo Egito, como demonstram as descobertas de inúmeras escavações arqueológicas, nas quais foram encontrados vasos de alabastro para perfumes. Os sacerdotes egípcios faziam um grande uso de perfumes para homenagear as divindades. Para eles a vida terrena era apenas uma pequena parte de toda a existência e servia para preparar a viagem ao além, até o encontro com os deuses. Por isso, os corpos dos defuntos deviam ser conservados o mais íntegros e fragrantes de aromas possível. A mumificação consistia na retirada do cérebro e das vísceras dos mortos, para serem substituídas por estopas impregnadas de perfume e depois untadas com açafrão – uma substância a base de carbonato de sódio – e finalmente envolto em tiras impregnadas de uma resina com propriedades antiparasitárias. Em Tebas, havia um local inteiro reservado à mumificação, chamado Memnônia. De lá, um cortejo de sacerdotes transportava o sarcófago com o corpo embalsamado até a tumba, que ficava localizada na outra margem do rio Nilo. Durante o trajeto, eles queimavam resinas perfumadas que simbolizavam o sopro da vida imortal. Quando chegavam no túmulo, a múmia era recoberta com ungüentos aromáticos, sua cabeça era coberta com flores e folhas e ao seu lado depositavam-se objetos cotidianos como pertences e presentes que lhe podiam ser úteis no além-túmulo. Entre os presentes havia caixas e vasos com ungüentos sagrados, cosméticos e perfumes. Mas não era somente no ritual funerário que o perfume era tão utilizado pelo povo egípcio. As famílias egípcias utilizavam os perfumes, principalmente nas lavagens dos corpos; prática mais comum entre os homens; que realizavam seus banhos em uma sala de banho situada na parte superior da casa, descrita como “a sala mais fresca de todas”. Os homens sentavam-se em bancos e encostavam-se na parede enquanto alguns escravos jogavam água perfumada por cima e outros queimavam aromas perfumados em incensários. As mulheres utilizavam os perfumes em outra sala da casa, que se chamava “de unção”; a dona da casa deitava-se no chão sobre esteiras e as donzelas friccionavam os cabelos dela com uma pomada aromática chamada abra; outras untavam o corpo com óleo para clarear e suavizar a pele. Ao contrário das civilizações egípcias, os persas, segundo o historiador Heródoto, não consagravam sacrifícios nem defumações aos deuses. Na Babilônia, não se conhecia o sabão, mas os perfumes eram muito populares. Os altares de Zaratustra, na Pérsia, eram borrifados de perfumes cinco vezes ao dia. Essa prática foi reconhecida após a reforma religiosa no século IV a.C., e ficou conhecida como Zoroastrismo. Os persas não sabiam utilizar os perfumes. Usavam-nos apenas para afastar os espíritos malignos. O incenso era empregado nos exorcismos, enquanto nas doenças se tentava conquistar os favores do Deus do Bem, lhe oferecendo óleos perfumados para amansar o Deus do Mal. Dário, o poderoso rei dos persas, apenas teve seus cabelos lavados no momento do seu nascimento, mas ele era um grande apaixonado por perfumes e os usava em excesso para ocultar os maus odores de seu corpo. Plutarco, que viveu no século I, contava que quando Alexandre Magno entrou na tenda de Dário, espantou-se ao descobrir que era “um lugar perfumado com fragrância de aromas e” ungüento” e anos mais tarde, ao regressar ao seu pátrio, quis imitá-lo borrifando o chão do seu palácio com água perfumada e rodeando-se de incensários cheios de incenso de mirra”. Na misteriosa Mesopotâmia, os perfumes desempenhavam um papel importante na vida de um casal; o marido devia proporcioná-los à esposa, tanto como ato de amor como para o rito de purificação. Toda a população utilizava óleos purificadores; os pobres deviam se contentar em purificarem-se com óleo de gergelim, enquanto os ricos podiam fazê-lo com finos óleos de murta e de cedro. Foram os Cruzados que trouxeram consigo os primeiros óleos perfumados e as primeiras águas de rosas conhecidas no continente europeu, mas quem os comercializava foram os mercadores das cidades marítimas da Espanha e Itália, principalmente os Venezianos. O seu comércio não se desenvolvia unicamente na Terra Santa e em Constantinopla, mas também nos portos da Síria, Líbano e Alexandria, no Egito. De todos estes lugares eram trazidas especiarias as quais se acrescentavam os óleos perfumados já prontos para usar, e também as águas de rosas, de violeta e de jasmim, os quais vendiam tudo para satisfazerem as necessidades dos senhores de classes mais elevadas. Além de produtos para as damas, os mercadores ofereciam perfumes intensos para os homens e incensos aromáticos que deveriam ser queimados nas casas para disfarçar os maus cheiros. Não há um consenso histórico de que o perfume na Idade Média servia realmente para aliviar o mau cheiro, devido à falta de higiene, mas há uma concordância em afirmar que na França os fiéis lavavam-se sempre com muito cuidado aos domingos, antes de assistir uma cerimônia religiosa, para eliminar as “sujeiras” da alma e do corpo; os sacerdotes tomavam até um banho litúrgico antes de rezar a missa, utilizando os mesmos estrígeis, que tinham herdados dos romanos e, imediatamente depois de se secarem com panos quentes, untavam-se cuidadosamente com substâncias perfumadas. Logo após a Revolução Francesa, no fim dos anos 1700 e início de 1800 com a industrialização, o uso de perfumes propagou-se e hoje movimenta bilhões de dólares no mercado mundial. 





O casamento do perfume com a moda aconteceu por volta de 1920 e através desta união, estilistas famosos proporcionaram às mulheres a possibilidade de com uma roupa e um bom perfume, levarem adiante o poder de afirmarem sua própria identidade ou simplesmente seduzir e conquistar. Exemplos desses estilistas não faltam: Valentino, Armani, Dolce e Gabbana, Dior, Yves Saint-Laurent, Kenzo, Emanuel Ungaro, Oscar de La Renta, Rochas, Lanvin, Chanel e o norte americano Calvin Klein. Com o advento da química orgânica começaram a surgir fragrâncias como as que conhecemos hoje, a exemplo da famosa, pioneira e histórica ‘Psyché’ e ‘La Damme Blanche’, de Coty. Desde 1900, após a revolução da indústria da moda, que ditava tendências, e com a revolução da indústria química, alguns perfumes começaram a marcar épocas. 




Como foi o caso do Chanel número 5 (rosas, jasmim e aldeídos), que surgiu juntamente com o ‘Arpergè’ de Lanvin e o ‘Shalimar’ de Guerlain. A cada novo produto, a indústria se encarregava de vinculá-lo ao poder da sedução e ao “glamour”, tornando-os verdadeiros ícones de tais desejos femininos. A idealização de perfumes em ateliers de “Haute Couture”, já era uma prática comum. E em 1921, finalmente chegou o golpe de gênio; o perfume apresentado por Ernest Beaux, um jovem perfumista ousado, incorporou aldeídos em grande quantidade que deram origem ao Chanel Cinco (conta-se que ele teria acrescentado acidentalmente, doze vezes mais a quantidade desejada). Os aldeídos já eram conhecidos há anos, porém a ousadia ficou por conta de Ernest, afinal um perfume feminino com aldeídos era visto como uma potência de odores. A estilista Coco Chanel entusiasmou-se com o químico e pediu-lhe que guardasse a primeira fragrância que conseguisse realizar. O jovem apresentou-lhe várias, marcando os frascos com números seqüenciais correspondentes a ordem de fabricação. Chanel elegeu o frasco de número 5, porque era o seu número da sorte, seguindo a sua intuição decidiu apresentá-lo durante um desfile de moda no dia cinco de maio, quinto mês, do ano de 1921. Foi um sucesso estrondoso que se repetiu no ano seguinte, ainda com mais força com o perfume número 22 e, em 1970, com o número 19, que é o dia do nascimento de Chanel. Outros perfumes compostos apenas por combinações de flores, passaram a ser combinados com aldeídos e outras substâncias sintéticas e era possível fabricar milhares de exemplares de cada um. A revolução de Chanel, também deve ser vista sob o aspecto da popularização do luxo, já que dessa maneira, a partir do número 5, qualquer pessoa podia perfumar-se e seduzir. Chanel continuou sua ascensão e tornou-se a estilista mais famosa do mundo. O design do frasco foi inspirado na obra de um pintor tão famoso e genial quanto Chanel: Pablo Picasso, que presenteou a estilista em 1920 com uma tela “O frasco de perfume”. O “glamour” dos perfumes de ‘haute couture’ continuou por várias décadas, até que em 1975 aparece o primeiro perfume ‘prêt-à-porte’r, Chloé, num frasco de vidro jateado, inspirado nos anos 30. Até os dias atuais, fragrâncias e frascos seguem acompanhando as revoluções da moda e do comportamento de homens e mulheres do mundo inteiro.


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